Vou relatar no nosso blog o dia a dia de uma escola que trabalha com a diversidade humana. Pessoas que não respondem ao modelo padrão estabelecido pela sociedade. São muitas vidas com várias histórias de superação de limites pessoais e sociais.
quarta-feira, 30 de março de 2011
Dez anos de Reatech - Associação Nova Projeto
Brindes para a Ambev - Associação Nova Projeto
segunda-feira, 28 de março de 2011
Um dia para recordar - Associação Nova Projeto
sexta-feira, 25 de março de 2011
Dignóstico de Autismo - Associação Nova Projeto
Uma forma diferente de aprender - Associação Nova Projeto
As sextas feiras as aulas são desenvolvidas com o recurso de jogos competitivos. Esse dia da semana é esperado por todos os alunos sem exceções. As atividades são fora das salas de aula. Logo cedo as cadeiras e as mesas são arrumadas para as diversas competições da manhã. Todos participam com entusiasmo. São formados vários grupos que competem entre si. Hoje parei o que estava fazendo para assistir tal era o entusiasmo. A competição de hoje foi através de jogos de memória e quebra cabeças. Os grupos foram formados por meninos e meninas. Como houve empate cada grupo indicou seu melhor representante para o desempate. Os meninos ganharam.
É um recurso que as nossas professoras utilizam muito, porque oferece excelentes resultados. Estimulam a competição e através dela exercita-se o tempo de atenção, conceitos básicos e o trabalho em grupo entre outras coisas. O mais incrível é que mesmo existindo torcida entre os grupos participantes, não existe brigas. Os vencedores são aplaudidos por todos.
Raphaela Viggiani Coutinho
sábado, 19 de março de 2011
Esse é meu mundo... Associação Nova Projeto
O convívio com jovens com deficiência é uma constante lição de vida. Quem desenvolve trabalho semelhante certamente convive com essa experiência.
Diariamente enfrentamos muitos problemas, mas as recompensas são tão valiosas que nos fazem seguir em frente com uma energia sistematicamente recarregada. O afeto que oferecem é espontâneo desinteressado e nada pedem em troca. O mínimo que se faz é muito valorizado.
Cedo, quando chego para trabalhar, sou recebida por todos com muita alegria como se a minha presença fosse fundamental. Quando atravesso a porta de entrada o clima me envolve. Só vou lembrar dos meus “problemas pessoais” quando termino o meu dia.
Hoje recebi a visita de um jovem que fez o curso de capacitação profissional conosco em 2007. Reside em Osasco e quando fez a capacitação profissional, durante todo o período do curso a mãe teve que trazê-lo.
Não conseguia vir sozinho. A mãe uma senhorinha inesquecível ficava esperando para voltar com ele. Trazia sempre um trabalhinho manual para fazer. Era inverno e fazia cachecóis lindos. Fez um para mim.
Foram três meses de convívio e no final do curso senti falta daquela presença simples e cheia de sabedoria. Dizia que trazia seu filho contra a vontade do marido. O pai não acreditava que um dia ele poderia trabalhar.
Mas a crença da mãe valeu todo o sacrifício. Está trabalhando em um restaurante industrial em Osasco desde que terminou o curso. O pai faleceu e agora o rapaz ajuda a mãe nas despesas da casa.
Acompanhei-o por algum tempo enquanto estava se adaptando ao emprego, fui visitá-lo no trabalho, mas como estava bem não tive mais noticias.
Hoje ele veio sozinho nos visitar. Não precisou da companhia da mãe. Quando chegou, não o reconheci de imediato, a fisionomia não me pareceu estranha e logo lembrei. Não aparenta ser mais aquele jovem que esteve conosco há anos atrás, sempre acompanhado da mãe, magrinho e tímido. Bem vestido, forte, seguro, ainda se expressa com dificuldade e demonstra as limitações que possui. Mudou para melhor.
Sempre fico feliz quando os recebo e exagero nas perguntas. Quis saber como está no serviço, se tem amigos, namorada, se voltou a estudar, noticias da mãe e muito mais.
Em determinado momento interrompeu a conversa e estendeu uma folha de caderno, dobrada com muito cuidado e disse: é para você. Pensei ser algum recado da mãe. Qual não foi minha surpresa ao abrir a folha e ver desenhado com cuidado um sol e em cima escrito o meu nome. Disse: é um presente para você.
Raphaela Viggiani Coutinho
São Paulo 20 de março de 2011
sexta-feira, 18 de março de 2011
Programa de capacitação profissional para pessoas com deficiência intelectual - Associação Nova Projeto
quarta-feira, 16 de março de 2011
Gente como a gente - Associação Nova Projeto
O prognostico de desenvolvimento era desconhecido.
Hoje aos poucos vão ganhando espaços nas escolas, nas atividades culturais, no trabalho e na sociedade. São capazes de fazer escolhas e de escrever suas próprias historias. O preconceito ainda existe, mas com certeza bem menor do que foi há alguns anos.
Tenho refletido sobre o movimento de inclusão da pessoa com deficiência em todos os setores da sociedade.
Defendo e acredito que a sociedade deve ser inclusiva, e que todas as pessoas são iguais, em direitos e deveres.
Acredito também que inclusão da pessoa com deficiência no meio social, já deveria ter acontecido há muito tempo. Contudo, fico apreensiva, na forma impulsiva como em alguns segmentos está sendo tratada.
Penso que deve ser planejada e realizada de maneira cuidadosa e responsável. Abrindo espaços e adequando os ambientes, equipamentos e a comunidade para essa realidade.
Ainda encontramos indivíduos que se afastam e discriminam aqueles que não se enquadram ao padrão de realização da maioria das pessoas.
É o desconhecimento, e a falta reflexão sobre as diferenças individuais. Em uma analise mais profunda poderemos observar que não existem dois indivíduos iguais.
No entanto essa falta de reflexão de forma geral faz com que um movimento contrário a inclusão, atrase ainda mais esse processo.
Por outro lado existem os que estão no outro extremo. Defendem a inclusão das pessoas com deficiência de forma impetuosa e atropelada.
Se por um lado é positiva porque movimenta os diversos setores da sociedade nessa conquista, por outro, corre o risco do exagero, com decisões sem os devidos cuidados.
Tenho também ouvido dizer que quem é contra é porque quer manter velhas estruturas. Isso não é real. O que se defende é que todo esse movimento deve ser feito com cuidado e responsabilidade.
A pessoa com deficiência seja lá qual for a deficiência sempre vai precisar de apoio maior ou menor e por essa razão foram estabelecidos benefícios para auxiliá-las. Os deficientes físicos precisam de acessibilidade para poder ter acesso a escola, ao trabalho, ao atendimento médico e ao lazer. O deficiente visual necessita de apoios concretos em todos os ambientes que freqüenta. Os auditivos também, linguagem de libras, apoios na locomoção, independência no transporte. Os deficientes intelectuais dependendo do grau de deficiência vão precisar de menos ou mais apoio e principalmente estarem cercados de pessoas conscientes que aceitem seus limites e diferenças individuais.
Em fim as pessoas com deficiência dependem da estrutura de acolhimento para que possam exercer seu papel social. Para isso devem ter direito a uma série de benefícios que as auxiliem a ter uma vida digna semelhante a nossa, que nos consideramos pessoas sem deficiência.
(Parte do texto foi publicado em 12/03/2009)
Raphaela Viggiani Coutinho