Hoje recebemos a visita de um jovem com necessidades especiais, prefiro usar essa terminologia, que retrata mais fielmente a sua forma de ser. Fez o curso de capacitação profissional na nossa entidade em 2005. Destacou-se do grupo e foi convidado a fazer um estágio na empresa que custeia nosso programa. Ao terminar o estágio foi encaminhado para uma vaga em um conceituado clube esportivo para a função de serviços internos de escritório e durante dois anos esforçou-se o quanto pode para cumprir com suas obrigações. Contudo desde que começou a trabalhar embora fizesse com responsabilidade as tarefas, foi alvo de brincadeiras de mau gosto constante dos colegas de trabalho. Revoltado e não aguentando a pressão pediu demissão. O gerente responsável pelo setor fez de tudo para que ele não saísse, inclusive ofereceu aumento de salário. Porém o clima já não dava para ele voltar atrás. Depois dessa experiência negativa o jovem caiu em grande depressão. Procurava emprego e nada dava certo. Foi um longo período de recuperação. Agora veio nos visitar para contar como está feliz. Foi admitido no programa de qualificação profissinal para pessoas com necessidades especiais da Febraban ( Federação Brasileira de Bancos). Já está empregado, frequentando o curso de treinamento para uma vaga em banco. Salário bom, cesta básica, vale refeição, e um bom convenio médico. O treinamento é de seis meses e segundo nos contou, bem difícil. Estuda quando chega em casa para se sair bem nas provas mensais. Parece certo que após esse período vai assumir um posto de trabalho no banco. Existe realmente o investimento da Febraban na qualificação profissional dos candidatos especiais. Espero sinceramente que esse programa se estenda ao preparo dos funcionários das empresas que irão acolhe-los. Tenho sempre uma questão quando a inclusão não dá certo: é o especial que não corresponde as tarefas que estão sob a sua responsabilidade, ou são as pessoas que não estão preparadas para conviver com as diferenças?
Raphaela Viggiani Coutinho